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segunda-feira, 31 de março de 2014


Nada


Eu sou o nada
E o todo veio de mim
Sou o desprezo que você ostenta
A causa de sua demência
A indiferença, que não guarda por fim

Sou o não digno
O desamparado
O ambíguo
Sou o desprovido
O inseto atrevido

Sou a poeira que guarda em sua sola
A cabeça que você degola
O sangue que você derrama
O  ninguém que você deplora
Os olhos, que você devora

Sou apenas um tipo que lhe incomoda
Que sendo nada, minha presença colhe
E ainda que em sua casta, me ignora
Estou por toda a parte
Do crepúsculo a aurora

Sou a fome, que não senta a sua mesa
O frio, que você não sente
O medo que lhe é ausente
A falta, que não lhe é presente
A consciência, que lhe falta à mente

Eu sou o nada
E o todo veio de mim
Sou tudo o que não espera
Represento tudo o que você não quer
Faço tudo, o que jamais fará

Tenho em mim a causa que não é sua
Ilusões que não cultua
Força que não lhe habita
Virtudes de uma premissa
Razões de um otimista

Minha única esperança, é que olhe para mim
Veja o nada que me tornei, para dar-lhe o todo
Os restos que me vesti, para dar-me a ti
E a única coisa que lhe pedi
É que me trouxeste este nada, que fostes esse nada
E deste modo, chegar até mim

Luciano Andrade PATCHANNS

quarta-feira, 26 de março de 2014


Paginas em Branco
 

Minhas paginas em branco
São os dias que não me encontrei
Dias que vivi sem ser eu mesmo
Dias em que me sabotei

Tempos que me fiz valer de centavos
Que não impus meu sustento
Por medo de vencer, me escondi
Convencido pelo método, de que minha postura, não cabia ali

Deixei que escolhessem por mim
Como eu deveria agir
Quem eu deveria seguir
Que aprendizado eu deveria ter

Deram-me classificação
Marcaram meu nome
Excluíram minha importância
Ocultaram minha fome

Nascido filho de Deus
Restou-me a escravidão da rotina
Cercado por linhas mortas
Onde se trafegam sudários de alma

Mas bem no fundo
Incrustado no ser
A personalidade abalada incomoda-se
E a hibernada vontade, novamente aflora

Uma única linha escrita
E a alma adormecida, rompe, e não mais silencia
Jogam-se fora vontades vazias
Retira a veste, de suas mentiras

E eis que o véu que lhe cega
Mostra-lhe caminhos
Com ausência de pão e circo
E a escolha de seguir, determina o princípio

E antes o que era Inverno
Agora colore os campos de minha historia
Escrevo as linhas de minhas paginas
E somente minha vontade me devora

E as paginas em branco eu deixo
Para não esquecer o vazio
De quem não busca a si mesmo
E vive como refém, dos que determinam a sua historia

Luciano Andrade PATCHANNS

domingo, 23 de março de 2014


Tarde Fria


Não é uma sentença do acaso
No infortúnio não se encontra respaldo
É alusão a sabedoria
Que delimita o ser no âmbito de seu crescimento

Não há justiça para quem desconhece o julgamento
Nem sofrimento prévio para quem não vê além
O caminhante cego é guiado por outro cego
E por consequência caíram

Não existe medo no olhar de quem cansou de esperar
O tempo que é era vindouro
Não se fez para quem queria chegar
E o descrédito tomou conta, e a pergunta, não quer calar

A Ira vira dia, a impunidade é o que sustenta
Não tem mais sentença, para quem não crê na sobrevida
E se valem de reprimendas, para viver de blasfêmias
Ostentando, o que não esta na emenda

E se erguem castelos, a fim de suportar os saques
De quem pilha sentimentos covardes
Na certeza desacreditada
Não encontram pena para sua maldade

Assim é o novo milênio para quem não lê nas entrelinhas
Assim é a nova família de quem roga a empáfia da sabedoria
Olham-te de cima a baixo, como guardadores da soberania
Definha o sentimento,  outrora, harmonia

Não é uma sentença do acaso
Na sorte, não encontram a saída
É alusão a sabedoria
Que um cego negligencia, levando aos seus, uma longa tarde fria


Luciano Andrade PATCHANNS
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quinta-feira, 20 de março de 2014


Alma Entorpecente

Vai do poço ao fundo
Lugar de moribundos
Que perambulam entre os vivos
Na soberba flutuante
De quem ostenta ser vívido, inda que caducaste
Serena os olhos vazios
De gente em frangalhos
Órfãos ilhados, que clamam amor de sangue
Fitam seus desejos em cinzeiros
Fingem não esperar a esperança
No norte, não se baseiam
Preferindo o rumo dos delírios incessantes
E na sede de se encontrarem
Perdem-se, como almas no placebo
E na querência de se esconder
Expõem-se a esmo
Como fraudes sociais
Arrimos do sangue vértice
Que buscam na singularidade
O amor que não rogaram na pele


Luciano Andrade PATCHANNS

terça-feira, 18 de março de 2014


Degrau

Levo em minha retina a cicatriz
Da causa que não é minha
Dos versos que não são meus
Dos gritos que não ouvi
E dos finais que eu não vi

Passos na escada
Escalados pelo sangue que não derramei
Não chorei a historia
Nem a vi, nem a contei
Aprendi nos livros o eu que sei

E não me impulsiona o que aprendi
Tampouco me da valor
Tenho medo de saber quem sou
E descobrir que não sou parte de mim
Mas um degrau da escada, que não subi

Luciano Andrade.-*PATCHANNS
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sexta-feira, 14 de março de 2014


Como Meninos

Quando era menino
Eu soltava minha pipa
Empurrava meu carrinho
Fazia coisas de menino
Eu não tinha nada
Não queria nada, sonhava sozinho.
E se eu fosse um menino sozinho no mundo
Que não tivesse quem apontar o caminho
Seria um selvagem menino?
Ou de pureza desnuda
Seria um alegre menino
Sem apego e sem modelos
Que me dessem escolhas de destino
Como poderia ser um pagão, sem ter noção de Deus
Minha maldade seria a sobrevivência
Minha bondade seria cuidar do que me sustenta
Não ostentaria a veste
E nem minha relevância
E nada seria meu, porem, tudo eu teria.
Vivemos a beira do abismo que criamos para cair
Criamos modelos para seguir
E nos convencemos de que isso é destino
Mas o modelo de quem veio nos ensinar
Entendemos que não somos dignos
Incapazes de alcançar, por nossas virtudes virtuosas
Incapazes de se abster, do que não carecemos possuir
Incapazes de agir, como a divindade nos coordenou
" Sede desnudos como os pequeninos, porque a eles pertence o Reino"

Luciano Andrade PATCHANNS

quinta-feira, 13 de março de 2014


Dor

Sou feito das dores que guardei sem dizer
Das Flores que vi crescer
Das manhãs que escolhi para chorar
Dos dias que preferi esquecer
E dos momentos que acreditei em você

Carrego comigo, todos os sentimentos que me fizerem crescer
Sem nunca reclamar
Sem nunca declinar
Sem nunca deixar de sorrir
Mesmo quando surtiu o desejo, de dar-me ao fim

A dor me mantém de pé
Com ela consigo ver além
Sentir além
Dar de mim quando necessário
Sair de cena quando tudo em ordem, se mantém

Com a dor alimento meu amor
Conservando que não se vá
Igualando seus sentidos
De que sem a dor, amor não há

Quem não guarda a dor, vive a beira da abismo
Buscando sentido no que sente, sem a dor a calejar
Não há felicidade que dure
Sem antes ter sentido dor, é somente assim se alegrar

Luciano Andrade.-*PATCHANNS

terça-feira, 11 de março de 2014


Meio do Nada

Não sou a ânsia e nem a fome
Sou qualquer coisa para o lado
Não tenho mesmo palavras, só uns trocados

Cheguei cedo deste lado
Ou tarde demais para espetáculo
Fiquei mesmo para trás, não sei, tanto faz

A questão é que não tenho ouvidos
Só sussurro zumbidos que estorvam
Fazem cara de entendidos, e dão o fora

Tenho vontade de ir embora
Talvez seja apenas o fracasso que me devora
Só sei cair para um lado, e este lado não me aflora

E esta solidão que se demora
Talvez seja a resposta de minha inquietude
Que me coloca deste lado, onde ninguém olha para o lado

E vou seguindo a estrada deste desassossego
Tentando não ser o silencio que agride
Ou o grito que insiste, em minha causa de Morpheus

Sinto-me um tolo reprimido
Por essa grandeza espremida
Que não liberta e nem vira ferida

E o meu lado não é dentro e nem fora
Vejo tudo pela brecha, sem entrar e sem ser convidado
Escrevendo meus trocados, sem ser muito almejado


Luciano Andrade.-*PATCHANNS
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Adeus


Estou indo embora de mim mesmo
Deixando para trás meus medos
Meus defeitos, indiferenças que recebi
Estou indo embora das coisas que não quis para mim

Estou indo embora das criticas, das duvidas
Estou indo embora de tudo o que ouvi
Ser-se-ei melhor ou pior, não importa
Vou-me embora porque jamais fui assim

Não mais me calarei para os dedos apontados
Darei meu grito com o silencio, minhas costas e meu olhar
Minha indiferença será minha faca
Estou indo embora porque não me importa mais sonhar

Estou indo embora do que não fiz
Estou indo embora dos lugares que não fui
Estou indo embora das coisas que não disse
Estou indo embora de minhas conquistas prescritas
Estou indo embora de minha inerte premissa

E não me pergunte para onde irei
Só sei que vou para outro lugar
E que não seja um lugar que já estive
Que não seja um lugar, onde me viu chorar
Estou indo embora de mim mesmo
Deixando para trás, o que me afastou de você
O que me afastou de seu olhar
E não me pergunte para onde irei
Só sei que vou para outro lugar
E que não seja um lugar que já estive
Que não seja um lugar, onde me viu chorar
Estou indo embora de mim mesmo
Deixando para trás, o que me afastou de você
O que me afastou de seu olhar

Luciano Andrade.-*PATCHANNS
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segunda-feira, 10 de março de 2014


Anedotas

Se o imundo chão de limo se tornar meu leito
Se de fezes formar meus feitos
Se de maldizeres concluir meu pleito
E ainda preservar um amigo
Terei eu valido um cingido
E vivido uma vida plena...

Luciano Andrade.*-PATCHANNS
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Sombras na Escada


Não é difícil ser cretino
Difícil, é ser o zelador
É carregar a chama para acender o pavio de quem caiu nas sombras
É aquecer na madrugada, quem tem o frio por companhia
É ser aquele, que remedia o caminhante em sua dor

Não é difícil ser a razão
Difícil, é ser o sonhador
É viver distante no "alter ego"
É ser ausência de rubor
É ser aquele que faz do impossível, seu sucessor

Não é difícil ser educado
Difícil, é ser o educador
Que dirá mazelas e mostrara os defeitos
De quem não enxerga o próprio rancor

Não é difícil ser o medo
Difícil, é ter coragem
De dizer o que pensa
Em meio a toda essa gente
Que dispensa
Os espinhos da verdade

Não é difícil ser a vaidade
Difícil, é dispensar o que envaidece
Se despindo de tudo, que em nada te acrescentou
Nem um verdadeiro amigo, ou mesmo um falso amor
Imergindo-o na falsidade, de quem quer tomar para si
Aquilo que te elevou

Não é difícil ser o profeta
Difícil, é ser o ceifador
Que terá na pobre colheita
A dura destreza, de separar o joio do trigo
E levar ao senhorio, os poucos grãos que sobrou

Mas difícil mesmo é ser a consciência
De olhar tudo isso e ainda guardar a conivência
Vendo nos olhos dessa gente
Que a esperança se faz presente, apenas no tosco enredo
De ladainhas fervorosas
Resmungadas nos esplendorosos templos
Clamadas para dar aos outros
Uma falsa importância, de quem se farta de uma moeda jogada
A aqueles que não têm no meio social, significativa relevância
Transformando a indiferença
Em comum convivência
 

Luciano Andrade.-*PATCHANNS
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Órfãos



Revelei-me ao mundo
Sem nada compreender
Puro de sentidos
Deveras eu, aprender

Encontrei aqui, todos sedentos
Atolados em martírio
Sem lados
Apostos ou opostos
Todos, meninos...

Em busca de férteis
E fecundas terras
Buscando origem no principio
¹Véritas, virgens...

Onde pudéssemos ver sentido
Na vivencia putrefata, distorcida
Que nos ofereciam
Em banquetes refinados
De progresso e declínio

Servidos ao alto custo
Do ouro ensanguentado
Da massa desvairada
Que sustenta a burguesia
E de latão, o estipêndio,
Tem no fim do dia

Decerto é assim, não entendia
De acaso, a sorte
A alguns serviam
Tendo por certo
Aqueles, que dela exauria

Mas havia um Deus
Que a todos prometiam
O paraíso perigoso
Que certa conduta exigia

Que os de boa sorte
Por certo não teriam
Pois era dado o bilhete
Aos que de fadiga viviam

O conto bem contado
A massa, reprimia
Amargando e controlando
Isoladas rebeldias
Que lutavam com a sorte
Não contando com a vida

E sedentos, murmuram
Suas ávidas preces
Esperando na morte
O que lhe negaram na vida

Como órfãos meninos
Anseiam
Que alguém os olhe
E por eles declinem
O amor que esperam
Receber em vida
O que somente a Deus o prometiam

Luciano Andrade.-*PATCHANNS
 

¹VERITAS – verdade, verdadeiro...

Anedotas

A Sombra que assombra
É só uma sombra
O passado que condena, prescreveu
O perdão acaricia quem se perdoa
A luz do dia se faz para quem não tardia
Não tem peso maior do que a lembrança
O Medo é o flerte que não se cansa
Deixe para trás a sua dança
Polua suas andanças
E a leveza do esquecimento
Destruirá seu julgamento
E os dias se farão presentes

Luciano Andrade .*PATCHANNS
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Anedotas

 
Não vou redizer o que já foi dito
Redigir o que já foi escrito
O que é de gosto, esta no momento
E a percepção, esta presa ao tempo
Tenho que dizer o que estou vendo
Escrever o que ainda não foi escrito
Olhar para o meu tempo
Gostar dos meus adendos
Reclamar, do que esta acontecendo
O inferno, não é mais Dantesco
A Bruxa não é mesmo feia
A terra não é achatada, e nem mesmo o centro do mundo
E o fim do Mundo, não é onde o sol se põe
Freud que me perdoe, mas a psicologia mudou
Hitler que me desculpe, mas o negro se glorificou
E Aristóteles ainda tem dito, que a escravidão esta no saber
E quem procura no passado, respostas para o futuro
Olhe pela janela, e veja o novo o Mundo
E tire sua própria conclusão

Luciano Andrade PATCHANNS
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Chão de Lodo - autor Luciano Andrade PATCHANNS


Chão de Lodo


Nem todo dia é santo
Nem todo santo é santo
Existe tanta demagogia
Que não sabemos mais o que é verdade
Ou o que é verdade de mentira

A moda agora é ser artista
Santo que é artista
Bandido que é artista
Político que é artista
E no fim tudo é arte

Escolhemos de que lado vamos ficar
E de que lado vamos ter pena
E a pena que antes escrevia
Agora enfeita a bunda da mulata
E a prole desvairada, vai atrás com samba no pé
 
Elegemos quem joga migalhas aos porcos
Que a tudo comem, sendo o tudo, o pouco que tem
Mas o porco gordo, alimenta só os que já tem
E quem já tem, se alimenta das leitoazinhas
Que são servidas com perolas e conquistas

Entregamos nossa alma ao Diabo
Que usa terno, paletó,  gravata e tem um bom rebolado
Fala bonito e tem tudo decorado
Bate no ponto marcado, que o desgraçado carrega no fardo
E tira dela a agonia, em troca de uns bons trocados

Mudados nossos conceitos
Aceitando por osmose tudo que é feio
Porque são artistas eleitos
Por essa gente carente
De costumes que lhe causem efeito

Esquecemos o que é ser decente
Quando de decência ausente nos temos feito
E a prole desvairada, que ostenta o prato feito
Vai estar na avenida, desfilando a arte da demagogia
Protelando a promiscuidade, dos cultuados artistas

Nem todo dia é santo
Nem todo santo é santo
Nem todo bobo é bobo
Nem todo chão é lodo
E nem todo filho é Lobo
 

Luciano Andrade.-*PATCHANNS
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