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segunda-feira, 31 de março de 2014


Nada


Eu sou o nada
E o todo veio de mim
Sou o desprezo que você ostenta
A causa de sua demência
A indiferença, que não guarda por fim

Sou o não digno
O desamparado
O ambíguo
Sou o desprovido
O inseto atrevido

Sou a poeira que guarda em sua sola
A cabeça que você degola
O sangue que você derrama
O  ninguém que você deplora
Os olhos, que você devora

Sou apenas um tipo que lhe incomoda
Que sendo nada, minha presença colhe
E ainda que em sua casta, me ignora
Estou por toda a parte
Do crepúsculo a aurora

Sou a fome, que não senta a sua mesa
O frio, que você não sente
O medo que lhe é ausente
A falta, que não lhe é presente
A consciência, que lhe falta à mente

Eu sou o nada
E o todo veio de mim
Sou tudo o que não espera
Represento tudo o que você não quer
Faço tudo, o que jamais fará

Tenho em mim a causa que não é sua
Ilusões que não cultua
Força que não lhe habita
Virtudes de uma premissa
Razões de um otimista

Minha única esperança, é que olhe para mim
Veja o nada que me tornei, para dar-lhe o todo
Os restos que me vesti, para dar-me a ti
E a única coisa que lhe pedi
É que me trouxeste este nada, que fostes esse nada
E deste modo, chegar até mim

Luciano Andrade PATCHANNS

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