Se perceber no meio
Como o homem se percebe em seu meio? Porque ele distingue-se dentre os outros animais? O homem estabeleceu-se no topo da cadeia alimentar por meio de sua curiosidade, por meio de uma reflexão de si mesmo e do meio onde se percebe; essa curiosidade nos remete a outra pergunta, é na essência ou na evolução fisiológica que nos destacamos dentre os seres vivos de nosso meio? Se admitirmos que todo ser vivo é constituído de uma essência, ou alma, que habita o corpo material de modo inteligível para compor este ao mundo sensível, então não seriamos diferentes no contexto universal já que somos todos manifestação do cosmos, mas então porque somos os únicos que pergunta, que promete?
Sabedoria-do-Caos
Pretendo aqui relacionar o homem a mais alta manifestação do cosmos, diferenciando-o dos demais seres sensíveis que compõem nosso meio; vamos pensar na energia que governa o universo, energia esta que compreendo como "sabedoria-do-caos", diferente da conhecida "ordem do caos" que coisifica o caos, a sabedoria-do-caos que pretendo aqui enumerar, é a força inteligível que movimenta e manifesta-se no cosmos.
Vamos relacionar para isso, o conhecimento até aqui adquirido pelo homem, por meio de sua curiosidade, sua angustia de dar ênfase a sua existência, ou seja, a Filosofia, a ciência cosmológica e a religião como manifestação das paixões que concretizam e dão importância a nossa compreensão do meio.
Rapidamente, sem detalhar muito as questões Cientificas Cosmológicas, vamos tomar sua teoria do Big Bang, que defende que o Universo surgiu de uma grande explosão no vácuo, dando origem a todas as coisas; dentre estas coisas que predicaram do Big Bang, está o Boson de Higgs (Partícula de Deus), que é, até o momento, o conhecimento de uma partícula de energia que transforma-se em massa, ou seja, dela, surgiu tudo o que percebemos no meio sensível.
Buscamos por meio da religião, da crença, explicar o que antes não podíamos, mas é curioso algumas particularidades de colocação que relaciono ao conhecimento que hoje a ciência cosmológica nos dá, como este trecho do Evangelho Gnóstico de João, chamado de "Revelação do Mistério da Cruz", em que João recebe um Demônio do qual ele diz ser Jesus, que mesmo estando sendo crucificado, transcende a crucificação e vai até ele para ensina-lo sobre o mistério do "Logos", veja excerto:
"E quando ele disse isto, mostrou-me uma cruz de Luz firmemente fixa, e em volta da cruz uma grande multidão, que não tinha nenhuma forma definida, e na cruz estava uma outra forma, com a mesma aparência."
E continua:
"Esta cruz de Luz é algumas vezes chamada de Logos por mim, para vossos propósitos, algumas vezes Mente, algumas vezes Jesus. Algumas vezes Cristo, algumas vezes uma porta, algumas vezes um caminho, algumas vezes pão, algumas vezes semente, algumas vezes ressurreição, algumas vezes Filho, algumas vezes Pai, algumas vezes Espírito, algumas vezes Vida, algumas vezes Pistis (Fé), algumas vezes Charis (graça); e assim é chamada para propósitos do homem." "Mas o que é verdadeiramente, como conhecida em sí mesma e dito por nós, é que: É a distinção de todas as coisas; e a forte elevação do que está firmemente fixo, fora do que é instável, é a luz que emana de si mesma, e a harmonia da Sabedoria, sendo Sabedoria em harmonia."
Quero ressaltar o trecho onde ele diz, "é a luz que emana de si mesma", me parece perfeitamente plausível relacionar esta conotação ao Big Bang, pois o que seria uma luz que emana de si mesma, senão uma explosão. Por este ponto de vista, temos religião e ciência cosmológica defendendo um mesmo principio; ao mesmo tempo nos da um cenário de como pensarmos este principio, nos remetendo à uma "ideia" (Logos) como o inicio de toda a sabedoria-do-caos, culminando deste modo na criação do cosmos pela emanação da luz, ou, pela ciência cosmológica através do Bóson de Higgs, "como se corporifica a massa em meio a toda energia que configura o Cosmos".
Manifestação do Cosmos
Já vimos que é possível relacionar ciência e religião por meio da filosofia, daí a grande importância da filosofia para o homem, a busca incansável pela descoberta de si mesmo e como se perceber no meio; a filosofia nasce quando o homem questiona-se, busca no principio de seu próprio entendimento a origem de "ser" e "estar" para estabelecer-se como "Eu sou" e "Estou", para tal usou daquilo que está implícito no homem, como afirma Mondin(1998, p. 21) quando fala que há:
"[...] muitos indícios: a autoconsciência, a reflexão, a contemplação, o colóquio, a autotranscendência, etc. Mas o indicio mais certo, porém, é a liberdade. Está é a condição própria do espírito. O espírito, e somente o espírito é essencialmente livre, [...] o homem possui uma dimensão interior de natureza espiritual: a alma, a mente e o espírito."
Gostaria de convida-los neste momento a desconstruir tudo o que sabem sobre si mesmos e sobre o mundo sensível e inteligível.
Partindo dos princípios aqui elucidados acerca da religião e da ciência cosmológica, sabemos então que ambas o defendem por meio da energia, a "luz que emana de si mesma" para a religião e o "Big Bang" para a ciência, o Logos e a partícula de Deus. Não é difícil de concluir que uma manifestação cosmológica como está teria por objeto manifestar-se de maneira sensível, e, que para tal, manifestou-se na construção dos astros e dos seres vivos que compõem a natureza do cosmos; o cosmos, deste modo, pela sabedoria-do-caos, estaria experimentando sua própria emanação por meio de suas manifestações, e assim, como em uma tentativa de erro e acerto, promove a evolução do meio, observado por meio desta experiência, como afirma Mondin (1998, p. 8):
" O homem não entra neste mundo como uma obra inteiramente completa, totalmente definida, mas, principalmente, como um projeto aberto, a ser definido, a ser realizado [...]."
Temos que, pelo modo como o homem se percebe em seu meio, e como este destoa dos demais seres vivos, que tem como objeto a sobrevivência, é perfeitamente plausível conotar ao homem a maior manifestação do cosmos, e porque não dizer que o homem é o próprio cosmos, manifesto em seu próprio meio para constituir-se como sabedoria máxima do meio sensível, como afirma Protágoras, "O homem é a medida de todas as coisas , das coisas que são enquanto são, das coisas que não são enquanto não são", me permito ainda citar Jesus, no Evangelho Gnóstico de Tomé, quando diz:
"77. Disse Jesus: Eu sou a luz, que está acima de todos. Eu sou o "Todo". O Todo saiu de mim, e o Todo voltou a mim. Rachai a madeira – lá estou eu. Erguei a pedra – lá me achareis."
Portanto, temos que, o homem é o manifesto do cosmos por meio da sabedoria-do-caos, o homem é constituído da parte do todo como a maior manifestação do todo, sendo o homem o próprio todo, ou o próprio cosmos, assim se percebe o homem diante das coisas sensíveis e inteligíveis, ao passo que, a experiência demanda da evolução do homem; não serei eu demagogo de imaginar que no vasto cosmos, o humano é a única manifestação da sabedoria-do-caos, contudo, somos a explanação desta manifestação nesta parte do cosmos, experimentando e evoluindo conforme o nosso meio.
Bibliografia -
Antropologia, Ética e Cultura, caderno de referencia de conteúdo, Claretiano jul/2013.
Dissertação Filosófica, Claudemir Gonçalves de Oliveira, Claretiano versão fev./2015 .
Evangelho Gnóstico de João
Evangelho Gnóstico de Tomé
Pesquisas:
http://www.infoescola.com/fisica/boson-de-higgs/